E-Mail: contato@curumim.am

Search
Close this search box.

Ações para incentivar a leitura na Educação Infantil

Queridas professoras e queridos professores, neste mês temos várias datas alusivas ao livro e à literatura. As mais lembrados são o Dia Mundial do Livro, no dia 23  em referência aos escritores William Shakespeare, Miguel de Cervantes e Inca Garcilaso de La Vega, que morreram em abril  e o Dia Nacional do Livro Infantil, no dia 18, uma homenagem ao nascimento do escritor brasileiro Monteiro Lobato.

O contato com bons livros é um direito de toda criança desde seus primeiros meses de vida. Aliás, ouvir enredos e poemas em forma de melodia pode ser uma prática desde o ventre materno. Por isso, também, a importância da leitura em voz alta pelo professor para os bebês é algo indiscutível, não é mesmo?

No entanto, pesquisas revelam que apenas metade da população brasileira é de fato leitora. Para a parcela da população que mais lê por prazer, entre os cinco e os 17 anos, está o papel central da escola como promotora de condições favoráveis para o contato com livros e principal meio de incentivo a esse hábito.

A importância da leitura na Educação Infantil

Na Educação Infantil, temos outro fator muito presente que é a imitação. Crianças são familiarizadas com livros quando veem seus pais lendo, inclusive para elas, e quando a escola faz da leitura uma prática inserida nas atividades da vida diária, com tempo e espaço para a livre exploração, para a leitura imagética, para a possibilidade de intersecção com demais linguagens  como teatro e cinema  e ainda para o livro se tornar mais um brinquedo que promova interação e permita o pensamento criativo.

A partir disso, gostaria de compartilhar algumas possibilidades para serem desenvolvidas na etapa da Educação Infantil, por meio de práticas de contextualização do livro e do ato de ler no cotidiano, com a participação efetiva da família que, inclusive, pode ser mobilizada para a inserção da leitura em seu dia a dia.

Organizar a biblioteca

O primeiro passo para o incentivo à leitura é que se tenha bons títulos na escola. Muitas unidades de Educação Infantil possuem acervos frágeis em espaços pouco organizados como caixas e baús. Eles são um bom recurso de deslocamento e armazenamento temporário, mas não substituem um espaço de referência com títulos catalogados. Essa organização, porém, não pode ser um meio de controle rígido, pois o livro é um bem de consumo e esse acervo será de consulta no momento do planejamento, para pesquisa de narrativas que o professor considere interessantes ou pertinentes de serem apresentadas para as crianças, como poemas, lendas, parlendas, histórias da cultura afro e indígena, entre outras.

Aproximar as crianças de escritores e suas obras

Faça uma pesquisa em sua instituição sobre os títulos que aproximam as crianças dos escritores de referência da Literatura Infantil, como o próprio Monteiro Lobato e outros como Ziraldo, Ana Maria Machado, Eva Furnari, Sylvia Orthof, Ruth Rocha, já consolidados.

No entanto, é fundamental ampliar a diversidade de autores e há várias opções, como os escritores Emicida, Tino Freitas, Claudio Fragata, Lalau e Laurabeatriz, por exemplo. A cultura da infância se movimenta conforme as gerações e as demandas que surgem na sociedade. Nesse sentido, é preciso trazer narrativas que dialoguem com essa dinamicidade sem esquecer a atemporalidade das obras literárias.

Contemplar a leitura de bons livros no planejamento

Para que seja possível oportunizar o encantamento das crianças pelos livros, o professor precisa se preparar para a leitura e se tornar um leitor curioso da obra. Apronte-se para a narrativa, treine a cadência, a entonação de voz, a pontuação. Esse preparo envolve pesquisa e tempo para vivenciar-se leitor e apreciador da obra.

Com a ampliação do repertório do educador, é possível apresentar vários títulos para que as crianças possam fazer escolhas das histórias que querem ouvir.

Ler pelo prazer de ler

É muito comum na Educação o ato de ler com a pretensão de ensinar algo, para introduzir algum tema e para apoiar alguma vivência ou pesquisa. Essas situações podem existir, mas em menor grau, na coexistência com o momento da leitura pelo prazer de apreciar um bom livro. Em continuidade, o tempo da escuta é o grande objetivo. Portanto, dê espaço para que as crianças tragam suas impressões, sentimentos e sensações durante a história. É importante reconhecer as contextualizações que emergiram e as relações que se estabeleceram. Assim, a conversa pode percorrer o caminho das ideias e construções das crianças.

Apoiar os pequenos autores

Proponha situações para que os pequenos sejam autores de suas próprias histórias a partir do repertório constituído ao longo das etapas, como na construção de um livro físico ou a partir de recursos tecnológicos como o Storyboard.

Criar situações para o incentivo da leitura na comunidade

Algumas ações têm potencial para incentivar a ampliação de uma comunidade leitora dentro da escola. Uma delas é a construção de uma sacola literária com títulos a serem emprestados por um período de tempo ou a possibilidade de registro e interação entre famílias. Há também a alternativa de organizar um troca-troca de livros, a criação de espaços de leitura nas áreas coletivas da escola  disponíveis também para as famílias  e até passeios pedagógicos às feiras de livros da cidade.

São tantas possibilidades que não cabem em algumas datas ou períodos do ano. A leitura e o contato com bons livros precisam fazer parte da dinâmica da construção das boas relações que tanto queremos dentro da escola e em nossa sociedade.

E você, colega de profissão, seja um professor leitor. Leia para se capacitar profissionalmente, para aprender sobre diferentes culturas, para seu autoconhecimento, para seu prazer, apenas leia e se permita vivenciar essa experiência de expansividade de si enquanto oportuniza esse direito aos bebês e crianças pequenas.

Um abraço e até breve.

Paula Sestari é professora da Educação Infantil da rede municipal de ensino de Joinville (SC), com dez anos de experiência nessa etapa, e mestre em Ensino de Ciências, Matemática e Tecnologias. Em 2014, recebeu o Prêmio Educador Nota 10, da Fundação Victor Civita, e foi eleita Educadora do Ano com um projeto com crianças pequenas na área de Educação Ambiental.

FONTE:novaescola.org.br

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *